segunda-feira, 20 de setembro de 2010

CERCA DE 339 MIL PESSOAS DEIXARÃO DE VOTAR AMAZONAS



Manaus - Cerca de 339 mil pessoas no Amazonas com idade acima de 16 anos deixarão de votar nas eleições do dia 3 de outubro por não terem título eleitoral. O número equivale à diferença entre a população com idade para votar estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2009, e a quantidade de eleitores com título cadastrada no Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM).
Nas eleições deste ano, a apresentação do título eleitoral, acompanhado de documento oficial de identidade, é obrigatória para quem for votar. No Brasil, o voto é facultativo entre os 16 e 18 anos e a partir dos 70 anos. A multa para quem deixa de votar é de R$ 3,18. O prazo para a emissão da primeira via do título de eleitor terminou dia 5 de maio deste ano.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, a estimativa de habitantes no Amazonas com idade superior a 15 anos era de 2,370 milhões para 2009. Já o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contabiliza 2.030.549 eleitores no Amazonas. A Pnad mostra, ainda, que o Estado tinha cerca de 219 mil jovens entre 15 e 17 anos no ano passado e que a taxa de mortalidade anual no Estado para essa faixa etária é de 2%. Considerando que a população de 15 anos completou 16 anos em 2010 , a estimativa é de que existam pelo menos 339.451 pessoas sem título de eleitor no Amazonas.
O sociólogo e cientista político da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Gilson Gil atribui o desinteresse dos eleitores em votar à falta de confiança nos políticos. “Muitos foram os escândalos que acompanhamos pela mídia, o que gerou desprestígio dos políticos, causando desinteresse dos eleitores em votar, muitas vezes, nos mesmos candidatos”, declarou.
 
Anseios

Para o cientista social da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) Jaime Martins, depois da Ditadura Militar (1964-1984) e do movimento ‘Diretas Já’, que reivindicou eleições presidenciais diretas no Brasil (1983-1984), o brasileiro ‘esfriou’ seus anseios ideológicos e políticos. Por essa razão, disse, o voto não é valorizado. “Não se vê mais jovens nas ruas cobrando políticos nos quais votaram. Não se vê mais movimentos sérios pela democracia e contra a impunidade de corruptos. Tudo esfriou”, observou Martins.
Na opinião do estudante Ricardo Gonçalves, 17 anos, atualmente a juventude tem outros anseios. “Hoje, o jovem começa a trabalhar muito cedo e muitas vezes tem que sustentar uma família. Não sobra tempo para lutar por interesses políticos partidários”, afirmou.
A estudante Ana Carolina Vieira, 16 anos, defende que é necessário reestruturar os ensinos Fundamental e Médio com o objetivo de melhorar o senso crítico e a participação política da juventude. “Nas escolas, pouco se fala sobre política e isso acaba desmotivando os estudantes para votar”, disse.

Descrença

A professora aposentada Maria das Graças Mendes, 69 anos, afirmou que quando completar 70 anos não vai mais votar. Ela dise que, porque por muitos anos, os candidatos que ajudou a eleger não apresentaram resultado satisfatório no cargo. “Há mais de 30 anos eu voto e só me arrependi dos candidatos que ajudei a eleger”, lamentou.
Para o comerciante José dos Santos Medeiros, 70 anos, os idosos perdem o interesse pelo voto quando surgem problemas de saúde. “Minha mulher de 71 anos tem osteoporose e não pode estar saindo de casa. Além do mais, que motivação se tem para votar sempre nos mesmos?”, questionou.

 





Rubem Tadeu - Presidente da AFAMA


 

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