domingo, 14 de junho de 2015

Mais de 80% dos adolescentes infratores em Manaus não concluíram o Ensino Fundamental



MANAUS - Dados da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania - Sejusc apontam que cerca de 82% dos adolescentes, com idades entre 14 e 17 anos, que cumprem medidas socioeducativas nas unidades de internação do Estado, em Manaus, não concluíram o Ensino Fundamental. Dos 326 que estavam no sistema, até o mês de abril, apenas 41 cursaram o Ensino Médio.
De acordo com a coordenadora do Programa de Apoio ao Egresso - Proeg, Célia Mara, a maioria dos internos abandonou a escola por causa de repetência, problemas financeiros e bullying, o que os deixou vulneráveis para serem cooptados por criminosos.
Segundo a Sejusc, os 326 jovens cumprem as medidas cautelares, medida de internação ou semiliberdade, no Centro de Internação Provisória Dagmar Feitosa, centros socioeducativos Senador Raimundo Parente e Marise mendes e na Unidade de Internação Provisória.
"Quando ele chega à medida socioeducativa, está afastado da escola. Dificilmente, você vai encontrar o adolescente cometendo ato infracional, centro da escola. Pode ter casos em que estejam matriculados, mas a grande maioria está afastada", comentou Célia.

JEITO FÁCIL

Um desses exemplos de tentar conseguir as coisas do "jeito fácil" é o filho de uma vendedora, de 42 anos. O jovem, de 18 anos, foi apreendido duas vezes por roubo e cumpre a segunda medida, desde o dia 1 de maio, no Centro de Detenção Provisória, no Alvorada. De acordo com ela, o rapaz, que estudou até o 8o ano do Ensino Fundamental, começou a praticar atos infracionais por desejar o que os pais não podiam comprar.
"A gente trabalha, mas ganhamos pouco e não podemos dar o bom e do melhor. Então, eles querem ganhar isso e não podem e, por isso, muitas vezes, voltam a praticar os crimes. Se tivesse algum encaminhamento para um emprego, tenho certeza que ia mudar", opinou a mãe do jovem.
A vendedora disse que o filho não estava devidamente matriculado porque não havia conseguido vaga. "Mas agora, ele está recebendo apoio e vão conseguir matriculá-lo, de novo, e ele me disse que está disposto a mudar, estudar e ter uma vida deferente", disse a mãe.
De acordo com o Assistente Técnico do Departamento de Atendimento Socioeducativo da Sejusc, Antônio Lima, quando o adolescente ingressa no sistema, recebe um leque de incentivos por meio de cursos profissionalizantes, como cursos de panificaçação, hortifruti e até música, além de apoio psicológico, para que quando deixar de cumprir a medida tenha um ocupação formal.
E foi com base nesse apoio que um entregador, de 23 anos, conseguiu superar os problemas enfrentados na adolescência e mudar o rumo da sua história de vida. Ele contou que praticava crimes como roubos, furtos, tentativa de homicídio e tráfico de drogas, desde os 15 anos e foi apreendido tantas vezes que nem recorda o número exato.

Fonte: www.acritica.com.br

Por Daniele Castro Alves
rtcastroalves@bol.com.br

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