MANAUS - O Amazonas é o Estado brasileiro com maior porcentagem de alunos em atraso escolar na área rural (69,8%), seguido do Pará (60,3%) e Piaui (57,7%), sendo essa taxa de distorção idade-série correspondente a estudantes com mais de dois anos de atraso escolar. Os dados são do Censo Escolar do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), disponíveis a partir do dia 2, segunda-feira, na plataforma de dados educacionais QEdu.
As escolas de áreas rurais das regiões Norte e Nordeste são as onde se concentram as maiores taxas de distorção idade-série no Ensino Médio Público, conforme dados de 2013. Já considerando as escolas tanto da zona urbana quanto da rural, Pará (57,3%), Sergipe (50,7%) e Piauí (49,2%) têm as maiores taxas e São Paulo (17,1%), Santa Catarina (18,4%) e Paraná (24,3%) são onde estão as menores porcentagens.
Por número de estudantes, os dados mostram que no total, na área urbana e rural, 32,7% dos alunos de escola pública do Ensino Médio não têm a idade adequada à série em que estão. Parte desse atraso vem do Ensino Fundamental, onde 23,7% estão nessa situação. A produção dos dados ocorreu a partir de uma parceria entre as fundações Meritt e Lemann, organização sem fins lucrativos voltadas para a educação.
A porcentagem desses estudantes "atrasados", entretanto, diminuiu entre 2006 e 2013, passando de 46% para 29,5%. Nas escolas públicas, esse índice passou de 50% em 2006 para 32,7% ano passado, e nas particulares, de 11% para 7,6%.
Segundo a Fundação Lemann, o atraso no Ensino Médio é reflexo de problemas no fluxo escolar como um todo, já que o aluno passar por um percurso de pelo menos nove anos, antes, no Ensino Fundamental. "Temos altas taxas de reprovação, mas não temos política para lidar com os alunos que fazem a série novamente. A reprovação pode estigmatizá-los e aumentar a chance do aluno não terminar a educação básica", analisa o coordenador de Projetos da Lemann, Ernesto Faria.
Em todo o Brasil existem 5.570 municípios. Desses, em 738, mais de 50% dos alunos de escola pública do Ensino Médio não têm a idade adequada à série em que estuda, sendo a maior parte desses municípios (468) na Região Nordeste. Na outra ponta, 217 municípios têm menos de 10% de estudantes nessas condições, sendo a maior parte (190) concentrada no Sudeste.
EXEMPLO
Com 21 anos no 1o ano do Ensino Médio, Orleide Silva é um exemplo de estudante que está fora do fluxo escolar. A idade adequada para essa série é 15 anos, mas quando tinha tal idade, no Piauí, a mãe de Silva separou-se do marido. "Eu tinha que estudar à noite porque trabalhava de dia. Sustentava minha mãe e meus dois filhos. Começou a ficar muito difícil porque não tinha transporte e parei de estudar".
Antes disso, ele já tinha sido reprovado no 4o e no 6o ano do Ensino Fundamental. "Brinquei demais". Atualmente, mora no Distrito Federal, voltou a estudar e pretende cursar Filosofia para ser professor. "Este ano, eu faltei um dia por motivo de serviço. Conhecimento é importante para tudo. Quando eu era mais jovem, só queria curtição, agora penso diferente. Ninguém vai tirar isso de mim".
No entanto, nem todos voltam a estudar. A taxa de abandono no Ensino Médio em 2012 era 9,1%, a maior do Ensino Básico regular. "As taxas são muito altas. Diversas pesquisas mostram que a reprovação não melhora o desempenho. Não há ganho para o sistema, que acaba bancando um ano a mais desse aluno e não há ganho para o aluno, que perde um ano para complementar a etapa", analisa a gerente da Área Técnica do movimento Todos pela Educação, Alejandra Meraz Velasco.
RESPONSÁVEIS
Pela Constituição, os Estados e o Distrito Federal são responsáveis, prioritariamente, pelo Ensino Médio. Segundo a Presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME), Cleuza Repulho, os municípios têm um dever de casa a fazer.
"Esse problema não começa no Ensino Médio, começa nos anos finais do Ensino Fundamental [do 6o ao 9o ano]. Trabalhar na busca ativa é fundamental, tem que abrir o dado e ver onde está esse aluno. Até para ver se ele tem condição de continuar ou não, se tem alguma síndrome mais complicada, se está atrasado porque ficou fora da escola", disse.
Fonte: www.acritica.com.br (com informações da Agência Brasil)
Por Rubem Tadeu - Presidente da AFAMA
rtcastroalves@bol.com.br
Por número de estudantes, os dados mostram que no total, na área urbana e rural, 32,7% dos alunos de escola pública do Ensino Médio não têm a idade adequada à série em que estão. Parte desse atraso vem do Ensino Fundamental, onde 23,7% estão nessa situação. A produção dos dados ocorreu a partir de uma parceria entre as fundações Meritt e Lemann, organização sem fins lucrativos voltadas para a educação.
A porcentagem desses estudantes "atrasados", entretanto, diminuiu entre 2006 e 2013, passando de 46% para 29,5%. Nas escolas públicas, esse índice passou de 50% em 2006 para 32,7% ano passado, e nas particulares, de 11% para 7,6%.
Segundo a Fundação Lemann, o atraso no Ensino Médio é reflexo de problemas no fluxo escolar como um todo, já que o aluno passar por um percurso de pelo menos nove anos, antes, no Ensino Fundamental. "Temos altas taxas de reprovação, mas não temos política para lidar com os alunos que fazem a série novamente. A reprovação pode estigmatizá-los e aumentar a chance do aluno não terminar a educação básica", analisa o coordenador de Projetos da Lemann, Ernesto Faria.
Em todo o Brasil existem 5.570 municípios. Desses, em 738, mais de 50% dos alunos de escola pública do Ensino Médio não têm a idade adequada à série em que estuda, sendo a maior parte desses municípios (468) na Região Nordeste. Na outra ponta, 217 municípios têm menos de 10% de estudantes nessas condições, sendo a maior parte (190) concentrada no Sudeste.
EXEMPLO
Com 21 anos no 1o ano do Ensino Médio, Orleide Silva é um exemplo de estudante que está fora do fluxo escolar. A idade adequada para essa série é 15 anos, mas quando tinha tal idade, no Piauí, a mãe de Silva separou-se do marido. "Eu tinha que estudar à noite porque trabalhava de dia. Sustentava minha mãe e meus dois filhos. Começou a ficar muito difícil porque não tinha transporte e parei de estudar".
Antes disso, ele já tinha sido reprovado no 4o e no 6o ano do Ensino Fundamental. "Brinquei demais". Atualmente, mora no Distrito Federal, voltou a estudar e pretende cursar Filosofia para ser professor. "Este ano, eu faltei um dia por motivo de serviço. Conhecimento é importante para tudo. Quando eu era mais jovem, só queria curtição, agora penso diferente. Ninguém vai tirar isso de mim".
No entanto, nem todos voltam a estudar. A taxa de abandono no Ensino Médio em 2012 era 9,1%, a maior do Ensino Básico regular. "As taxas são muito altas. Diversas pesquisas mostram que a reprovação não melhora o desempenho. Não há ganho para o sistema, que acaba bancando um ano a mais desse aluno e não há ganho para o aluno, que perde um ano para complementar a etapa", analisa a gerente da Área Técnica do movimento Todos pela Educação, Alejandra Meraz Velasco.
RESPONSÁVEIS
Pela Constituição, os Estados e o Distrito Federal são responsáveis, prioritariamente, pelo Ensino Médio. Segundo a Presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME), Cleuza Repulho, os municípios têm um dever de casa a fazer.
"Esse problema não começa no Ensino Médio, começa nos anos finais do Ensino Fundamental [do 6o ao 9o ano]. Trabalhar na busca ativa é fundamental, tem que abrir o dado e ver onde está esse aluno. Até para ver se ele tem condição de continuar ou não, se tem alguma síndrome mais complicada, se está atrasado porque ficou fora da escola", disse.
Fonte: www.acritica.com.br (com informações da Agência Brasil)
Por Rubem Tadeu - Presidente da AFAMA
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