Alguns iluminados do Congresso
Nacional e parte da mídia brasileira, além de sensacionalistas, agora querem se
mostrar moralistas. Se atentarmos para o comportamento de ambos no caso de
envolvimento do Senador Demóstenes Torres com o empresário Carlos Cachoeira, o
que existe de fato é mais sensacionalismo do que realidade. Quanto a isso não há dúvidas, já que as provas colhidas por meio de escutas telefônicas são
verdadeiras, situação que compromete a reputação do senador, o que lhe acarretará falta de decoro parlamentar e, consequentemente, cassação. Ocorre que no afã de solucionar esse problema de tamanha repercussão,
a alguns membros do Congresso Nacional já se mostram mais engraçados e moralistas do que a
real necessidade de serem legalistas, imparciais e cumpridores dos seus deveres
com a responsabilidade devida: que é de expurgar os agentes políticos indesejados pela sociedade.
E aqui, quero aproveitar para
dizer que este artigo não foi elaborado para manifestar apoio a partido A ou
partido B, a senador A ou a senador B, ou quem quer que seja. A finalidade é
demonstrar que a autoridade indicada para apurar uma ilegalidade, seja ela
delegado de polícia, seja Promotor, seja membro das casas legislativas, cada um
dentro de sua competência conforme o bem jurídico lesado, tem que pautar pelo
trabalho técnico, científico e jurídico, não menos com lisura,
responsabilidade, seriedade e compromisso com a sociedade.
Dia a dia, a imprensa divulga
cada informação nova colhida sobre os envolvidos nesse caso, independentemente da fonte. Vejo, pois, com
isso que a liberdade de imprensa é confundida com o oportunismo das grandes
emissoras de televisão no Brasil, cada uma querendo e exigindo portas abertas
para publicar, em primeira mão, qualquer notícia que lhe promova ibope, tudo
isso em nome de uma liberdade, que nada mais é resultado de uma liberdade
totalitária: ou me possibilitam as informações, custe o que custar, ou divulgo
que são autoritários, que querem esconder algo ou, pior, que estão envolvidos
no caso. daí passam a denegrir a imagem daquele que pretende investigar dentro da
legalidade e do compromisso para com o resultado imparcial, porque não pode apurar com parcimônia.
Nos últimos dois dias, a imprensa
passou a destacar que um dos senadores, após escuta telefônica, teve mais de
duzentos contatos via fone com Carlos Cachoeira, mentor dessa lastimável
confusão. Em uma dessas ocasiões, o senador parabenizava-o. E por este motivo, os iluminados alegam que isso era suficiente para ouvi-lo a Termo. Mas, em que norma está previsto que conversar com qualquer pessoa é crime? Digo isso porque até o presente momento, a única coisa que afirmam é que este
senador conversou com Carlos Cachoeira muitas vezes. Para os iluminados e para a imprensa isso é motivo real
para chamar o senador, e creio eu que mais para alimentar o desejo da imprensa e de terceiros, políticos mal intencionados, de mostrar força. Em todas essas conversas, ainda não mostraram algo que
comprometesse o senador, um vestígio de ilegalidade que fosse. Tanto os
iluminados quanto a mídia não apresentaram qualquer situação ilegal que fosse
motivo para chamar o senador a depor. Puro sensacionalismo, pura vaidade. A autoria
e a materialidade para o caso do senador não existem. Não há provas.
Sabemos que a fase de
investigação é inquisitória e destinada a reunir os elementos necessários à
apuração da prática de uma infração penal e de sua autoria. Faz necessário o
investigador revestir-se de todas as cautelas, seja no aspecto formal, seja
material, no sentido de evitar falhas e propiciar a segurança jurídica da
pessoa investigada. É a partir daí que o investigado se tornará suspeito de ter
cometido uma infração penal. Porém, da forma que as investigações são realizadas
no Brasil, com a mídia não informando os fatos, mas promovendo especulações, a
tendência é transformar as convergências de indícios que apontem determinada
pessoa como praticante de ilícito penal para um destino cruel e desrespeitador.
Atitudes e ações praticadas pelos
iluminados do Congresso Nacional e de parte da mídia brasileira estão
desvirtuando o devido processo legal em nome de um a liberdade denominada
liberdade de imprensa. É certo que situações que poderiam ter rumo definido pela
investigação para servir de peça e finalmente de instrumento para a devida acusação,
serão simples e naturalmente transformadas em ação totalitária resultante da
interferência da mídia em nome da sociedade, ou seja, quem estiver na frente,
envolvido ou não será crucificado, julgado e condenado, sem o direito de
espernear e sem o devido processo legal, configurando decerto em verdadeiro tribunal de exceção. Vejo dessa forma a nova modalidade ou sistema de governo no Brasil: ditadura moderna.
É preciso que haja seriedade,
equilíbrio, isonomia e respeito pelo senso crítico do cidadão. É preciso que
tomemos as rédeas desse modo de ver as acusações, uma vez que o irreal se torna real, o inverídico se torna verídico, o abstrato se torna palpável e assim por diante, simplesmente porque a mídia assim deseja, assim prefere destacar. Nesse sentido, aquilo que não é tipificado em lei, será por força desse desejo.
Se
ao final, pela moral, pela seriedade e probidade, forem comprovadas a autoria e
a materialidade no caso Cachoeira, que os envolvidos sejam responsabilizados conforme está previsto no ordenamento jurídico brasileiro e não porque meia dúzia de formadores de opiniões, em nome de bons lucros, alimentam como verdadeiros seus escritos.
Elaborado por Rubem Tadeu - Presidente da AFAMA
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