MANAUS – Em uma região onde as longas distâncias isolam comunidades no interior do Amazonas, a atuação de médicos nas sedes dos municípios é um dos requisitos básicos para a manutenção correta do serviço. No entanto, a realidade encontrada nas cidades interioranas do Estado revela um cenário onde a quantidade de médicos não acompanha a demanda por atendimento. De acordo com o Conselho Regional de Medicina (CRM), a situação no Amazonas é “caótica”.
Levantamento do CRM apontou que em Beruri, por exemplo, nascem cerca de 400 crianças por ano – nenhuma delas com o acompanhamento de um obstetra. Os partos são feitos por parteiras e sem a presença de um médico. “E essas crianças estão com sequelas neurológicas. Essa é uma condição muito grave”, afirma o presidente do Conselho, Jefferson Jezine.
Atualmente, segundo os cálculos do CRM, há apenas 240 médicos em atuação nos 61 municípios do interior. “Estamos muito preocupados porque a situação, que está caótica, está na iminência de entrar em colapso. O recurso de médicos no interior do Estado está envelhecendo e se aposentando, e não vemos nenhuma política de substituição desse recurso”, diz Jezine.Amazonas aposta em estrangeiros para driblar falta de médicos no interior
Um dos objetivos do Conselho é para que cada município tenha ao menos um quadro básico de profissionais de saúde para atender a população: um clínico geral, um cirurgião, um pediatra, um obstetra e um anestesista. Dados do Conselho Federal de Medicina (CFM) apontam que o Amazonas conta com apenas 1,10 profissional para cada 1 mil pessoas. Um número insuficiente para atender a população.
Para piorar a situação, a cheia deste ano preocupa porque já houve registro de aumento no índice de doenças, acompanhando o ritmo da subida das águas. O primeiro trimestre deste ano (em comparação com 2010) apresentou aumento de 10.601 casos de pessoas diagnosticados com problemas diarréicos. Sobre a Hepatite A, a elevação foi de 28 doentes. Ambos os problemas podem ter relação com o contato das pessoas com a água contaminada, que invade as casas.
A situação aumenta as discussões por melhorias na saúde pública e reacende uma alternativa para solucionar o problema: a inserção de médicos estrangeiros para suprir a demanda de pacientes. A medida chegou a ser anunciada pela Secretaria de Estado da Saúde (Susam) para ampliar as possibilidades de contratação e aumentar o quadro de profissionais. “Apenas a Escola Latino Americana de Medicina, em Cuba, já formou 412 médicos brasileiros. Destes, apenas 15% revalidaram o diploma e estão atuando no país”, disse, na época do anúncio, o titular da pasta, Wilson Alecrim.
Para o chefe do Departamento de Fiscalização da CRM, Antônio de Pádua Ramalho, aproximadamente 20% dos óbitos em municípios do interior poderiam ser evitadas com a assistência médica. Ainda de acordo com ele, o Conselho visitou 20 cidades no levantamento da Saúde, que apontou Anamã, Barreirinha e Manaquiri como as localidades que mais necessitam de melhorias no Estado. “Essa situação será apresentada ao Ministério da Saúde”, afirma.
Tecnologia
Um dos meios achados para driblar a falta de profissionais especialistas tem sido o uso da tecnologia. Por meio de comunicação via satélite, o programa estadual de Telessaúde tem permitido a realização de exames e consultas especializadas à distância. Ainda assim, a presença médica básica é imprescindível, porque a ação consiste nos procedimentos feitos por profissionais generalistas e compartilhados em tempo real com equipes em Manaus.
Fonte: www.portalamazonia.com
By Rubem Tadeu - Presidente da AFAMA
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