segunda-feira, 25 de maio de 2015

Brasil precisa construir 64 mil novas bibliotecas nas escolas até 2020 para cumprir meta


Escolas públicas precisam construir mais de 64,3 mil bibliotecas até 2020

MANAUS - O Brasil precisa construir mais de 64,3 mil bibliotecas em escolas públicas até 2020 para cumprir a meta de universalizar esses espaços, prevista na Lei 12.244. A legislação, sancionada em 24 de maio de 2010, obriga todos os gestores a providenciarem um acervo de, no mínimo, um livro para cada aluno matriculado, tanto na rede pública quanto privada.
A cinco anos do fim do prazo, 53% das 120,5 mil escolas públicas do país não têm biblioteca ou sala de leitura. A contar de hoje, seria necessário levantar e equipar mais de 1 mil bibliotecas por mês para cumprir a lei.
O levantamento foi feito pelo portal Qedu, da Fundação Lemann, a pedido da Agência Brasil, com base em dados do Censo Escolar 2014 - levantamento anual feito em todas as escolas do país. Esses são os últimos números disponíveis e trazem informações tanto de instituições de Ensino Fundamental quanto de Ensino Médio.
Os dados mostram grande disparidade regional na oferta de bibliotecas escolares. Enquanto na Região Sul 77,6% das escolas públicas têm biblioteca, na região Norte apenas 26,7% das escolas têm o equipamento e na região Nordeste, 30,4%. Na Sudeste, esse índice é 71,1% e na Centro-Oeste, 63,6%.
O Maranhão é o Estado com menor índice de bibliotecas escolares - apenas 15,1% das escolas têm o equipamento - seguido pelo Acre, 20,4% e pelo Amazonas, 20,6%. Na outra ponta do ranking, estão o Distro Federal, 90,9, o Rio Grande do Sul, 83,7% e o Rio de Janeiro, 79,4%.
A Agência Brasil não conseguiu entrar em contato com a Secretaria de Educação do Maranhão. As Secretarias do Amazona e do Acre não responderam ao pedido da reportagem.
De acordo com o levantamento, também há diferenças na oferta de bibliotecas entre as escolas de Ensino Médio e Fundamental. Em melhor situação, 86,9% das escolas públicas de Ensino Médio públicas têm bibliotecas ou salas de leitura. No Ensino Fundamental, entretanto, o índice cai para 45%.
O coordenador de projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins Faria, explicou que, na edição de 2014, o Ministério da Educação - MEC, responsável pelo Censo Escolar, juntou os dados de sala de leitura e bibliotecas, ao passo que, em anos anteriores, esses números eram descritos de forma separada. Por esse motivo, não é possível comprar a evolução dos dados com anos anteriores.
"A gente tem que pensar especificações que garantam que a criança tenha ambientes propícios para praticar a leitura. É pouco viável, do ponto de vista orçamentário e de factibilidade, a universalização das bibliotecas no prazo estipulado em lei. Temos que pensar como promover mais espaços para leitura e disponibilizar mais conteúdos para os alunos", disse Faria.
Para a diretora de Educação e Cultura do Instituto Ecofuturo, Christine Fontelles, faltam recursos para todas as áreas da educação e, por esse motivo, a leitura não costuma estar entre as prioridades dos gestores. Coordenadora do Projeto Eu Quero Minha Biblioteca, que ajuda professores, diretores, pais e alunos a requisitar e implantar bibliotecas nas escolas, ela ajuda na articulação com as secretarias de educação e o MEC.
"O fato central é que não se dá importância para a biblioteca. Nós somos um país que não dá valor para a biblioteca, que ainda não tem a noção de que a educação para a leitura é uma coisa que deve acontecer desde sempre, e que a biblioteca pública é o equipamento fundamental para que famílias e escolas possam desenvolver essa habilidade no jovem", defendeu Christine em entrevista à Agência Brasil.
Segundo ela, é preciso que a biblioteca tenha papel central dentro da escola. "O país perde um grande tempo ao não munir as escolas desse equipamento e não promover uma campanha de expressão nacional para que as famílias se envolvam na formação leitora das crianças. É importante que a biblioteca seja a casa do leitor, não um depósito de livro", afirmou.
Para o Presidente do Instituto Pró-Livro, Antônio Luiz Rios, uma biblioteca na escola contribui para a formação literária, melhora a escrita, o vocabulário e é fundamental para a formação do cidadão.
"O hábito da leitura começa em casa, com a família. mas é preciso seguir nas escolas, com acervo interessante e profissionais capacitados. Sem uma base leitora forte, o aluno não tem uma boa formação", acredita. "Com a leitura, o cidadão pode ter acesso a todo o conhecimento humano, ele não é mais guiado, tem a possibilidade crítica. O Brasil ainda não despertou para a importância da leitura", acrescentou Rios.
De acordo com a pesquisa Retrato da Leitura no Brasil 2012, feita pelo Instituto Pró-Livro, as bibliotecas escolares estão à frente de qualquer outra forma de acesso ao livro para crianças e adolescentes de 5 a 17 anos.
O Ministério da Educação informou que a instalação de bibliotecas é uma responsabilidade das escolas. De acordo com a assessoria da pasta, as instituições de ensino públicas recebem recursos federais para investimento em estrutura e cabe à escola decidir como gastar esse dinheiro.

Fonte: www.acritica.com.br

Por Rubem Tadeu - Presidente da AFAMA
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