BRASÍLIA - O Ministério da Educação - MEC afirmou à Justiça, para justificar a não reabertura do Sistema do Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, que 178 mil estudantes iniciaram o cadastro de financiamento no sistema no primeiro semestre, mas não concluíram a inscrição até o prazo e que, para atender a todos esses estudantes, teria que gastar R$ 1,8 bilhão só no ano letivo de 2015. No total, esses novos contratos custariam R$ 7,2 bilhões ao governo federal, segundo nota enviada à Justiça e divulgada junto da decisão judicial favorável ao MEC.
O orçamento do Fies para novos contratos durante todo o ano de 2015 era de R$ 2,5 bilhões e, segundo o Ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, essa verba foi gasta inteiramente para tender aos 252.442 mil novos contratos fechados até o dia 30. Por isso uma nova edição do Fies no segundo semestre deste ano ainda não está garantida.
JUSTIÇA DERRUBOU LIMINAR
O desembargador Cândido Ribeiro, Presidente do Tribunal Regional Federal da 1a Região - TRF-1, decidiu na terça-feira passada, 12, derrubar decisão liminar da Justiça Federal do Mato Grosso, que obrigava o MEC a prorrogar, por tempo indeterminado, as inscrições para novos contratos do Fies.
A ação judicial que exigia a reabertura do prazo de inscrições havia sido apresentada pela Defensoria Pública da União em Mato Grosso. O órgão alegou que os estudantes tiveram os direitos violados, já que não conseguiam ingressar no programa devido a problemas na ferramenta de inscrições.
Embora houvesse uma decisão judicial determinando a reabertura do prazo, o governo federal não estava cumprindo a liminar, à espera do resultado do recurso protocolado pela Advocacia-Geral da União. O MEC argumentou à Justiça que, em razão de já ter sido atingida a meta estipulada de 250 mil novos contratos financiados, não tinha condições de aceitar todos os pedidos de financiamento.
Desde 30 de abril, data em que se encerrou o prazo para novos alunos se habilitarem ao programa, os estudantes que acessavam o site do MEC se deparavam com a mensagem "o prazo para inscrição no Fies encerrou no dia 20 de abril de 2015.
Na análise do recurso, o desembargador do TRF-1 avaliou que, como não há dinheiro disponível no Orçamento de 2015 para bancar mais contratos do Fies, manter a liminar poderia ferir a "ordem pública"
"Na hipótese, a meu ver, estão presentes os pressupostos para o deferimento da medida ora pleiteada, especialmente quanto à lesão grave à ordem pública, consubstanciada na situação e no estado de legalidade normal, em que as autoridades exercem suas precípuas atribuições e os cidadãos as respeitam e acatam, sem constrangimento ou protesto, bem como quanto à economia pública, pelo montante financeiro necessário para atender a demanda por financiamento estudantil, sem previsão orçamentária", escreveu Cândido Ribeiro.
O Presidente do TRF-1 destacou ainda em seu despacho que a decisão da Justiça Federal do Mato Grosso "invadiu" competência do Executivo Federal, que é quem tem o poder de decidir sobre o destino de verbas públicas.
"Na hipótese, as decisões impugnadas, proferidas após exame superficial da questão, invadem a esfera de competência da Administração Pública, em seu juízo discricionário de conveniência e oportunidade, de gerir as verbas destinadas no orçamento público, interferindo nas políticas voltadas, na espécie, ao financiamento estudantil, de modo a acarretar grave lesão à ordem e à economia pública", destacou o magistrado.
Fonte: www.g1.com.br
Por Rubem Tadeu - Presidente da AFAMA
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