MANAUS - Lideranças do crime que atuam no Amazonas se uniram e criaram o Primeiro Comando do Norte-PCN, uma organização criminosa para fazer frente às ações repressoras das Polícias Civil e Militar, mas principalmente brecar a atuação do grupo criminoso conhecido como Primeiro Comando da Capital-PCC, cuja origem está nos presídios de São Paulo.
No comando do PCN estão os criminosos José Roberto Fernandes, o "Zé Roberto da Compensa", o irmão dele Cloves Fernandes; João Pinto Carioca, o "João Branco", e o Gelson Carnaúba. Todos cumprem pena em unidades prisionais, mas continuam comandando negócios como tráfico, assalto e execuções.
A organização criminosa foi descoberta pela polícia que investiga o alcance dela e já sabe que os líderes estão comprando armas de grosso calibre (metralhadoras e pistolas) e tem planos de tirar de circulação quem tentar atrapalhar os interesses deles.
O promotor Raimundo David Jerônimo, que atuou no julgamento de Gelson Carnaúba, no qual ele foi condenado a 120 anos de reclusão, pela morte de 13 detentos e um agente penitenciário, na chacina do Complexo Penitenciário Anísio Jobim-Compaj, em maio de 2001, é um dos que está marcado para morrer por ferir interesses dos criminosos.
De acordo com as investigações, o PCN também demarcou a cidade de Manaus onde cada um dos comandos tem uma área específica para atuar sem intervir na área do outro. A organização funciona como uma espécie de consórcio do tráfico. Eles juntam grandes somas de dinheiro e enviam diretamente aos produtores de droga na Colômbia ou Peru.
As remessas de drogas vêm de forma programada para não serem interceptadas pela polícia. Pelo menos seis advogados trabalham para o PCN, coletando informações no judiciário e na polícia, segundo uma fonte que pediu para não ser identificada.
A maioria dos integrantes do PCN atua no crime há mais de dez anos. José Roberto comanda o tráfico na Zona Oeste e tinha como base o bairro da Compensa. Segundo a polícia, ele é responsável pelo abastecimento de droga em cidades do Norte e Nordeste, e de levar o dinheiro do tráfico com times de futebol, lojas de carros, bandas de forró e hotéis de turismo.
Zé Roberto foi preso em 31 de agosto de 2009, na Cidade Nova, Zona Norte, por meio de um mandado de prisão expedido pela Justiça paraense, cumprido por uma equipe de policiais paraenses comandada pelo delegado Eder Mauro Cardoso Barra.
João Branco, por mais de uma década, comandou o tráfico de droga no bairro do Mauazinho, Zona Leste. Ele foi preso em 2005 pela Polícia Federal e no ano seguinte foi condenado ha 50 anos pela Justiça Federal. João Branco é considerado pela polícia como um dos traficantes de droga que cresceu muito nos últimos anos, passando de "dono de boca" para atacadista.
Ele é responsável pelo abastecimento de uma grande parte das "bocas" de Manaus e também envia drogas para outros Estados. Tornou-se "xerife" (chefe dos criminosos) no Compaj, foi transferido para cumprir pena em um presídio federal, mas retornou e está novamente preso no Compaj.
NA COLA DE FERNANDINHO BEIRA-MAR
O presidiário Gelson Carnaúba começou no tráfico no bairro da Compensa, cresceu no crime como integrante do grupo de Zé Roberto. Foi preso, fugiu da cadeia e passou anos desaparecido, mas atuando no crime. Por muitos anos foi alvo de investigação da Polícia Federal. A polícia tem informações de que Gelson Carnaúba vinha a Manaus com frequência e voltava para o Ceará. Aqui, ele teria participado de execuções de traficantes de droga.
Um relatório confidencial da Polícia Federal de Mato Grosso informou que os presos do Amazonas que cumpriam pena no presidio federal de Campo Grande tinham tido contato com integrantes do gruo de "megatraficante" Luiz Fernando da Costa, o "Fernandinho Beira-Mar". Que este teria recebido instruções sobre como se organizar para enfrentar as ações da polícia.
Advogados e familiares dos traficantes amazonenses ficavam hospedados junto com o grupo de Beira-Mar em uma pensão alugada pelo traficante. para o promotor de Justiça Fábio Monteiro, os presos voltaram com a cabeça cheia de novas ideias para investir em suas ações criminosas.
PROMOTOR NÃO SUBESTIMA AMEAÇAS
O promotor de Justiça David Jerônimo que atua na 2a Vara do Tribunal do Júri há quase 20 anos, disse que tomou conhecimento de que está marcado para ser morto pelos integrantes do PCN. Ele disse que essa não é a primeira vez que é ameaçado de morte por conta do seu trabalho. A primeira vez foi quando atuou na acusação dos réus da série de crimes que ficou conhecida como "Caso Fred", envolvendo policiais militares, em 2001.
"As ameaças não me intimidam, vou continuar fazendo o meu trabalho", disse Jerônimo. Segundo ele, o grupo criminoso tem razão de não gostar dele porque acha que é ele quem os condena. O promotor explicou que quem o ameaça não entende que ele não condena ninguém, mas sim os jurados. São eles que decidem se condenam ou absolvem um réu.
Jerônimo disse que a chefia do Ministério Público já lhe ofereceu proteção, mas ele rejeitou e está tomando medidas de proteção adicionais. O promotor disse que não subestima as ameaças por partir de uma organização considerada como a mais pesada do Amazonas. Ele também informa que não atua mais no processo da chacina.
MINISTÉRIO PÚBLICO
O promotor de Justiça Fábio Monteiro disse que já foi informado da criação do Primeiro Comando do Norte, assim como o superintendente da Polícia Federal Sérgio Fontes. Para Monteiro, as autoridades policiais precisam investir pesado contra a organização para que seja intimidada a não crescer na atividade criminosa.
Fonte: www.acritica.com.br
By Rubem Tadeu - Presidente da AFAMA
rtcastroalves@bol.com.br
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