EDITORIAL
MANAUS - No dia 23 de fevereiro, Atalaia do Norte, município amazonense, completou 57 anos de emancipação política. Durante algum tempo, vi essa data ser comemorada pelo seu povo com muita alegria, com muita felicidade, com muito prazer e satisfação, pois havia em sua programação festiva não só as brincadeiras, os eventos esportivos, mas também um ambiente familiar, de respeito e amor, uma corrente fraternal entre todos. Além disso, via-se a cidade em desenvolvimento. Seu crescimento era lento, mas satisfatório. E o mais importante em tudo isso era a ausência de tanta maldade nas pessoas. Na verdade, todos tinham uma amizade muito forte, que os tornavam quase uma só família. Todos os habitantes se conheciam, sabiam quem era quem, não havia medo nas pessoas nem das pessoas, todos se respeitavam.
Decerto, sabemos que as mudanças ocorrem, que os problemas sociais são complexos e de difíceis soluções. Porém, Atalaia do Norte vive atualmente uma maré de problemas, problemas aparentemente simples e de fácil resolução, problemas que atormentam a população. Pouco é feito para sanar os problemas, que por sua natureza, afligem e empobrecem mais e mais a população atalaiense. O que incomoda é ver que muitas situações que poderiam estar em pleno controle, em sua condição natural, estão na verdade na berlinda, enaltecido pelo descaso, pelo desamparo.
Em pleno século 21, terceiro milênio, Atalaia do Norte ainda convive com regimes cruéis, de gestões déspotas, comparado apenas aos antigos governos de homens incrédulos já destituídos de seus berços esplêndidos. Lamentamos muito pela realidade pela qual passamos. Choramos quase diariamente pela indesejável situação em que nossa cidade se encontra. É triste, mas é realidade. Uma realidade que nunca desejamos, todavia é brutal e desumana.
Tive a felicidade de retornar mais uma vez a Atalaia do Norte, no mês de janeiro de 2012. Essa mesma viagem eu já havia feito no mesmo período de 2011. Impressionante! Nada mudou para melhor; uma calamidade total. A tristeza era latente na face das pessoas. Havia uma viseira e uma mordaça, que não deixavam ninguém enxergar algo ou falar algo, senão o que alguns poucos tiranos queriam ou ainda querem, ao passo que se algo dissessem, se qualquer comentário fizessem a respeito da situação, o castigo era imediato, as sanções eram totalitárias: desemprego, marginalização, desprezo, etc. Diante de tanta clausura, de tanta negatividade, o que devemos ou podemos comemorar no ano em que Atalaia do Norte completa 57 anos de vida? Devemos comemorar a morte dos nosso avós que estão esquecidos em vida e após a morte? Diga-se, os nossos avós que deram a vida e construíram a nossa cidade. E aqueles que ainda têm a sorte de estarem vivos, simplesmente pela vontade da ignorância política estão à mercê da sorte, renegados, jogados ao relento, pois nada em troca do seu trabalho lhe foi oferecido como garantia de seus direitos e respeito pela sua dignidade. É isso que devemos comemorar?
Devemos comemorar a falta de respeito, de amor, de atenção aos doentes que saem de Atalaia para Manaus, a fim de receber atendimento médico, mas que têm que dar seu jeito para conseguir uma passagem (o salário mínimo é a base)? Devemos comemorar o abandono dos estudantes que se deslocam para Manaus, a fim de garantir melhores condições de vida para si para sua família? Devemos, sim, comemorar a luta que cada um enfrenta para superar dias e mais dias de sofrimento com a falta de suas necessidades básicas.
Devemos comemorar a destruição de obras já construídas em Atalaia do Norte? Devemos comemorar a quantidade de lixo jogado nos quatro cantos da cidade? Devemos comemorar as inúmeras obras inacabadas que estão se deteriorando e desmoronando? Devemos comemorar o quê afinal? Devemos comemorar a visita dos turistas apenas para assistir a uma missa e o mais depressa irem embora porque não existe motivo para a permanência na cidade, já que ela nada tem a oferecer? Devemos comemorar a decadência do comércio local, em que não há incentivo de nada? Devemos comemorar o quê?
Não obstante a tudo isso, graças a Deus vejo que nós atalaienses somos fortes, pois superamos todas as barreiras que colocam à nossa frente, ainda que não pareça. Vejo em cada gesto, em cada palavra a vontade de ser grande, de vencer, de ver nossa querida Atalaia do Norte erguida e bonita, limpa, organizada, visitada, estruturada, em que seus munícipes possam usufruir dos seus benefícios. Que bom seria se assim retratássemos nossa cidade; que bom seria se pudéssemos comemorar os feitos, as obras, o respeito, a cidadania, humanidade e humanismo; que bom seria ser recebido por todos não como heroi, mas como uma pessoa de bem, que pensa no bem estar de todos, que acredita em Deus e por isso se ama e ama o próximo. Nada é tão ruim que não seja passageiro.
Esperamos que Atalaia do Norte possa no mais curto prazo de tempo ultrapassar todas essas mazelas que lhe tornam cidade desagradável para os turistas, para seu povo. Apesar de tudo, podemos ainda comemorar a vida, podemos comemorar a alegria apresentada na vontade de cada um de nós, que ensejamos e lutamos por uma vida digna. Vamos sim comemorar os 57 anos de existência da nossa querida Atalaia do Norte. Podemos sim comemorar a esperança, a fé em Deus; podemos comemorar a força que temos de mudar; podemos comemorar a possibilidade de acreditar no futuro, no desenvolvimento. Podemos alimentar nosso ego, nossa integridade e em tudo que Deus nos deu. Podemos comemorar pelo que temos, pelo que amamos; podemos comemorar a presença de pessoas que amamos e que estão ao nosso lado e do nosso lado.
Parabéns, Atalaia do Norte. Desejamos que em breve, voltes a ser a verdadeira Pérola do Javari, título que hoje está em cinzas. Desejamos o melhor para teu povo.
Elaborado por Rubem Tadeu - Presidente da AFAMA
Parabens a voce que teve a coragem de escrever a verdade o povo de atalaia deveria seguir este exemplo atraves do seu voto honesto. parabens afama!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirEsse é verdadeiro sentimento de cidadao atalaiense que foi perseguido por um desses regimes e venceu com muito dificuldade mas nunca perdeu a esperança de conquistar seu espaço na honestidade e acima de tudo tendo fé em deus, valorizando sua familia e seu povo atalaiense...Parabens Mano O sentimento nao pode parar... grato pela sua coragem e determinaçao Wilker C. Alves
ResponderExcluirNa verdade Wilker, não é questão de coragem, mas de liberdade. Nossos amigos em Atalaia do Norte não tem a mesma liberdade que talvez eu tenha. A dependência financeira para com a Prefeitura é que limita todos que vivem aí, infelizmente. Não quis causar polêmica com esse artigo, apenas esclarecer e mostrar uma verdade que alguns poucos ainda querem acreditar que não existe. É hora de mudar. É hora de levar o bem para os atalaienses.
ResponderExcluir