segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Base Nacional Comum Curricular prevê integração entre conteúdo, formação docente, material didático e avaliações


SÃO PAULO -  Quando um aluno deve saber calcular porcentagem ou a partir de que momento a criança deve ser capaz de escrever uma carta simples? É para indicar com precisão as competências que todos estudantes têm o direito de desenvolver a cada ano de escolaridade - da educação infantil ao ensino médio - que foi criada a Base Nacional Comum Curricular - BNCC.
Das nações que hoje são referências de qualidade na educação, todas passaram por revisões curriculares e o documento brasileiro é fruto de um processo que começou em 2014 e teve a participação de governos, professores e especialistas. "A Base representa uma avanço consistente, de política de Estado e que deve ser assegurado", afirma Ghisleine Trigo Silveira, coordenadora da versão 3 da BNCC.
A educadora explica que a BNCC é uma referência nacional obrigatória, mas não se pode confundi-la com o currículo. "O papel da Base será justamente o de orientar a revisão e a elaboração dos currículos nos Estados e nos municípios. Os sistemas podem interagir para que temáticas seja ampliadas ou especificadas para atender questões regionais, desde que as competências sejam desenvolvidas".
Em miúdos, a BNCC dá o rumo e indica aonde se quer chegar. Mas são os currículos que vão definir os caminhos. Independentemente da estratégia curricular, o importante é garantir que um estudante matriculado no segundo ano do fundamental em uma escola pública do interior do Acre, por exemplo, tenha o direito de desenvolver as mesmas competências e habilidades que uma criança da mesma série que frequenta um colégio particular em Curitiba.

PROTAGONISMO DO ALUNO

Para que a BNCC consiga ser traduzida em melhoria do aprendizado e mais equidade, no entanto, é preciso envolver todo o sistema: preparar os docentes na formação inicial e na formação continuada a partir desse novo parâmetro, garantir que os materiais didáticos - de livros a aulas digitais estejam alinhados e, por fim, ajustar as avaliações nacionais para que fiquem coerentes com as novas diretrizes.
"São ações que têm de acontecer de forma concomitante. Será um esforço, mas já está mais que na hora de fazermos isso em prol dos alunos", afirma Claudia Costin, professora visitante de Harvard e ex-diretora de Educação do Banco Mundial. "O livro didático precisa dialogar com o currículo, professores têm de saber aplicar o conteúdo e as escolas precisam ter infraestrutura para garantir que o processo aconteça".
Tudo isso sem perder de vista o protagonismo do aluno e sua formação crítica para cidadania, um princípio manifesto linha a linha nas competências descritas para cada uma das disciplinas, mesmo naquelas em que isso parece mais improvável.
"Até recentemente, em matemática, o foco no ensino médio era ensinar fórmulas para quem vai fazer vestibular", afirma João Bosco Pitombeira, um dos redatores de Matemática da BNCC. "A Base tirou o foco disso e considera, por exemplo, que saber ler e interpretar uma informação estatística e chegar a conclusões sobre ela é vital para a construção da cidadania".
Em História, o desafio é instigar um raciocínio que não seja dual: "entre a bruxa e a princesa há uma série de variáveis e o professor tem de trabalhar com todas elas", exemplifica Janice Theodoro da Silva, do departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. "O objetivo é desenvolver a inteligência desse sujeito. É um longo caminho. Mas a educação é um longo caminho".

Fonte: www.folha.com.br

Por Rubem Tadeu - Presidente da AFAMA
rtcastroalves@bol.com.br

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Bolsas ajudam quem quer voltar a estudar depois de adulto


Renata retomou os estudos depois de ganhar a bolsa do Educa Mais Brasil (Foto: Arquivo pessoal)
A alternativa para quem quer concluir os estudos, a modalidade de ensino Educação para Jovens Adultos - EJA tem hoje mais de 3,4 milhões de alunos no país. São estudantes que, por diferentes motivos, tiveram de abandonar a sala de aula e agora retornam em busca de melhores oportunidade e colocação no mercado de trabalho.
Não há idade limite para voltar a estudar. Exemplo disso é a história da Renata Santos, 38 anos, que no ano passado retornou à rotina com livros e cadernos. Agora em agosto, ela se forma no Ensino Médio e já tem planos de cursar a faculdade de Enfermagem.
O caminho até voltar à escola foi longo. Aos 25 anos, Renata ainda cursava a 8ª série do Ensino Fundamental. como não tinha mais a idade padrão para a série que frequentava, assistia às aulas em uma turma separada. Trabalhava fazendo faxinas e não conseguia conciliar as duas atividades.
Precisou priorizar o emprego e abandonou os estudos. Apesar disso, Renata sempre manteve o sonho de voltar para o mundo dos livros e do conhecimento. Até que ficou sabendo das bolsas do Educa Mais Brasil para a modalidade EJA. "Queria voltar, mas não conseguia porque precisava de algum dinheiro para pagar os estudos. Até que fiquei sabendo da bolsa do Educa Mais Brasil. Foi fundamental para eu acabar o Ensino Médio. Se não tivesse a bolsa não conseguiria voltar para a sala de aula", conta Renata.
Hoje, Renata estuda no Colégio Delta, em Aracaju-Sergipe, instituição privada onde há aproximadamente 150 alunos na modalidade EJA. A história dela é bem parecida com a de outros estudantes brasileiros, diz a coordenadora do Ensino Médio e EJA, Adriana Prado Silva. "Infelizmente, a maior causa do abandono escolar é financeira. Muitos alunos têm que escolher entre trabalhar ou estudar.

DO DESEMPREGO À CONTRATAÇÃO

A operadora de caixa Karoline Gadelha, 24 anos, tem uma história inspiradora para quem acredita no poder da educação. Natural do Amazonas, ela havia abandonado o segundo ano do Ensino Médio em 2014. Depois, mudou-se para Curitiba, conheceu o marido e ficou grávida. A volta à sala de aula, em meados de 2016, foi decisiva para entrar no mercado de trabalho. "Percebi que, em cidade grande, eu era muito cobrada para ter estudos. Procurava emprego e recebia não por não ter o Ensino Médio", lembra karoline.
Foi então que conheceu o programa Educa Mais Brasil, por meio de um funcionário do marido. Contemplada com a bolsa, karoline lembra de todos apoio que recebeu para cursar o EJA e terminar os estudos. "Na própria escola, me ajudaram bastante. Minha filha tinha recém nascido, eu precisava levar ela para a sala e as pessoas ajudavam a cuidar enquanto eu assistia às aulas".
Em abril deste ano, karoline já se preparava para terminar os estudos quando começou a procurar emprego. No mesmo dia em que recebeu seu certificado de conclusão, mudou o currículo para "Ensino Médio completo". Dos 10 primeiros currículos que enviou, foi chamada para entrevistas em oito. Hoje, trabalha como operadora de caixa em uma loja de construção, e tem o sonho de cursar a faculdade de Ciências Contábeis.

RETORNO À SALA DE AULA TRAZ ESPERANÇA

Quando Rafael Santos, 26 anos, abandonou a escola aos 16 anos, no sexto ano, imaginou que jamais voltaria a estudar. O diploma do Ensino Médio, então, era um sonho distante. Apesar disso, há dois anos ele percebeu que teria condições financeiras de voltar a estudar na modalidade EJA e se encheu de esperanças. A bolsa de 50% oferecida pelo Educa Mais Brasil foi determinante para retomar os estudos. "Quando vi que poderia rolar, essa chama reacendeu e foi muito bom", contou ele.
Morador de Itarantim, na Bahia, ele recorda que seu reencontro com a vida escolar superou todas as expectativas, pois encontrou uma escola diferente e transformadora. "Eu nunca pensei em voltar, quando isso aconteceu vi que as coisas tinham se renovado. Fiquei tão feliz e foi tão bom que pagava até antes mesmo de vencer", relata.
Rafael trabalha em uma empresa de contabilidade e comemora já ter completado o Ensino Fundamental. Falta pouco para ele realizar o sonho de ter o diploma do Ensino Médio. "Em dois anos vou estar formado. Com isso, vou poder me inscrever em concursos públicos, fazer cursos técnicos e crescer profissionalmente", comemora.

TRANSFORMAÇÃO DE VIDA

A busca por melhores vagas e colocação no mercado de trabalho é o principal motivo que leva os alunos de volta às salas de aula. Mas não é só isso. Existe também a autoestima do aluno, de perceber que outros estão finalizando e ele vai ficando para trás. O próprio aluno decide que precisa retornar os estudos para se sentir melhor", diz Adriana.
Renata concorda. "Estou muito feliz porque vou ter uma transformação de vida. Ficava com vergonha porque não tinha o Ensino Médio. Agora já consigo acompanhar os estudos dos meus filhos, que são adolescentes", comemora.

A Educação de Jovens e Adultos - EJA é uma modalidade de ensino voltada para jovens e adultos que não terminaram os estudos ou que não tiveram acesso ao Ensino Fundamental ou Ensino Médio na idade apropriada. Para se inscrever, é preciso ter no mínimo 15 anos - no caso do Ensino Fundamental - ou 18 anos (no caso do Ensino Médio).

COMO FUNCIONAM AS BOLSAS DO EDUCA MAIS BRASIL

O Educa Mais Brasil oferece bolsas de estudo de até 70% para ensino básico, Graduação, Pós-Graduação, cursos técnicos e profissionalizantes e Educação de Jovens e Adultos - EJ, entre outras. São bolsas destinadas a estudantes que não podem pagar uma mensalidade integral. As inscrições para o programa são gratuitas e podem ser feitas através do site www.educamaisbrasil.com.br

Fonte: www.g1.com.br

Por Rubem Tadeu - Presidente
rtcastroalves@bol.com.br