BRASÍLIA - O Brasil está entre os dez países que concentram a maior parte do número de analfabetos adultos no mundo. Juntos, esses países abrigam 72% do total de analfabetos adultos, que é de 774 milhões. A Índia lidera a lista com 287 milhões, seguida de China e Paquistão. O Brasil ocupa o oitavo lugar no ranking divulgado pela Unesco.
"Esse indicador mostra a parte, mas não o todo. Além de ter uma herança de analfabetos, o sistema educacional brasileiro tem produzido ainda mais analfabetos", afirma a pesquisadora em Educação da USP e Doutora em Educação por Harvard, Paula Louzano. "8% das pessoas que têm Ensino Médio completo podem ser consideradas analfabetos funcionais, segundo o último relatório do Indicador de Analfabetismo Funcional - InAF.
Para Daniel Cara, Coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o alto número de analfabetos no país influencia as gerações seguintes. "Em uma família em que um membro é analfabeto, há um contexto menos favorável à educação dos filhos", afirma. No entanto, para Priscila Cruz, do "Todos pela Educação", resolver o problema do analfabetismo entre adultos não é tarefa fácil. "É preciso admitir que é uma área muito difícil de se conseguir resultados, pois não existe uma lei que obrigue o adulto a frequentar a escola".
Dados da pesquisa nacional por amostra de domicílios - PNAD 2012 mostram que no segundo ano do governo Dilma Rousseff, a taxa de analfabetismo da população com 15 anos ou mais parou de cair e teve leve alta. Em 2011, era de 8,6%. Chegou a 8,7% em 2012, mais longe de cumprir a meta firmada da ONU de 6,7% até 2015.
Segundo a Declaração de Dacar Educação para Todos, elaborada pela Cúpula Mundial da Educação em 2000 e que compõe os objetivos do Relatório da Unesco, os países deveriam reduzir o analfabetismo em pelo menos 50% até 2015. "O Brasil também não vai atingir essa meta", afirma a Coordenadora de Educação da Unesco no Brasil, maria Rebeca Otero Gomes. Ela afirma que o país precisa observar se os recursos para a educação estão de fato sendo bem empregados. "Além da redução no analfabetismo, o Brasil precisa alcançar uma melhor qualidade de ensino e corrigir as distorções idade/série".
MUNDO
O cenário da educação em todo o mundo até o ano que vem, quando expira o prazo estabelecido pela convenção, não é positivo. Nenhuma das metas globais do documento serão atingidas até 2015, segundo o relatório. De acordo com os dados, 57 milhões de crianças estão deixando de aprender simplesmente por não estarem na escola. Além da falta de acesso, a falta de qualidade é o que mais compromete a aprendizagem. Para alcançar os objetivos estabelecidos, que vão desde a universalização do ensino primário - 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental - à redução dos níveis de analfabetismo dos adultos, o documento pede aos governos que redobrem os esforços para todos os que enfrentam desvantagens - seja por pobreza, gênero, local de residência ou outros fatores.
O Brasil, porém, é citado como exemplo quando comparado com outros países, por ter receitas fiscais mais elevadas, que ajudam a explicar como investe dez vezes mais do que a Índia, por criança, na educação primária, por exemplo. A prioridade a escolas da área rural, e com maior ênfase dada a grupos indígenas altamente marginalizados, foi citada no documento como experiência que tem resultado em melhora nos números da educação, assim como as reformas que melhoraram as taxas de matrícula e aprendizagem na Região Norte. O relatório também afirma que bônus coletivos a escolas, como os que existem no Brasil, que recompensam as instituições de ensino, podem ser uma forma eficiente de melhorar os resultados da aprendizagem. As informações são do Jornal "O Estado de São Paulo".
Fonte: www.bol.com.br
Por Rubem Tadeu - Presidente da AFAMA
rtcastroalves@bol.com.br